Existe uma enorme disparidade na participação na força de trabalho entre as pessoas com mais de 65 anos de idade nos diferentes países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo dados da organização, o Japão e a Coreia são os locais onde as pessoas com 65 anos ou mais constituem a maior parte da força de trabalho – entre 13 e 14 por cento. Em contraste, na Europa , onde o envelhecimento das sociedades também é comum, vemos muito menos pessoas a trabalhar além dos 65 anos. O número variou entre 3,8% da força de trabalho no Reino Unido e apenas 1,3% em Espanha. Isto apesar de ambos os países, a maioria das nações desenvolvidas estam aumentando a idade em suas reformas trabalhistas, onde a idade mínima de reforma atual está em cerca de 66 anos e atingirão os 67 anos antes do final da década.
Nos Estados Unidos , a idade mínima de reforma é praticamente a mesma, mas ainda assim, a percentagem de trabalhadores mais velhos é mais elevada, com 6,6% da força de trabalho – acima da do México. Este fato sinaliza que os americanos mais velhos podem sentir a necessidade de trabalhar durante mais tempo num país que depende fortemente de contas de pensões individuais e oferece pouco em termos de benefícios de pensões públicas aos que ganham salários mais baixos.
Temos que considerar que a busca por colocação no mercado de trabalho após o período de aposentadoria, é decorrente a demanda e restrição econômica de parte desta população, características forte no Brasil.
Em 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais no país chegou a 10,9% da população, com alta de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era de 7,4% da população. Já o total de crianças com até 14 anos de idade recuou de 24,1% em 2010 para 19,8% em 2022, uma queda de 12,6%, forte decréscimo demográfico.
Envelhecimento da população: Brasil terá mais idosos do que jovens em 2060
Em 2019, o número de idosos no Brasil chegou a 32,9 milhões. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a tendência de envelhecimento da população vem se mantendo e o número de pessoas com mais de 60 anos no país já é superior ao de crianças com até 9 anos de idade. Os 7,5 milhões de novos idosos que ganhamos de 2012 a 2019 representam um aumento de 29,5% neste grupo etário.
Em 4 décadas 25% da população brasileira será de 65+
Recentemente, o IBGE divulgou uma série de projeções de longo prazo sobre o avanço populacional no Brasil. Uma delas aponta para uma desaceleração no ritmo de crescimento e uma consequente inversão na nossa pirâmide etária. Nesse cenário, a expectativa é de que o número de pessoas com 65 anos ou mais praticamente triplique, chegando a 58,2 milhões em 2060 – o equivalente a 25,5% da população, embora não haja dados sobre a participação dessa mão de obra ativa no mercado de trabalho brasileiro, já é perceptível postos sendo ocupados por essa faixa etária.
Participação cada vez maior no mercado de trabalho
Com a expectativa de que 1/4 da população brasileira fique acima de 65 anos, temos já em curso uma mudança no perfil de idade no mercado de trabalho, tendo em vista que o ingresso de jovens no mercado de trabalho também cairá progressiva e agressivamente, assim surge a pergunta, quem ocupará estes postos de trabalho? Nos países desenvolvidos essa mão de obra veem da população imigrante, e da população idosa, que volta ao mercado de trabalho na busca de propósito e motivação de vida, já em países subdesenvolvidos ou em crise econômica, a busca é pela complementação ou formação total da renda para subsistência, onde manter a qualidade de vida é um fator, mas não o principal.
Recentemente em um voo nacional, percebi que a faixa etário dos comissários de borda que antes ia até aproximadamente os 35 anos, hoje supera a faixa dos 50 anos, talvez um dos motivos seja o redução de interesse da população mais jovem por estes postos de trabalho, ou a própria adaptação diante da oferta de mão de obra.
É preciso desconstruir uma carreira solidamente estabelecida?
Na busca de retomar ou se manter no mercado de trabalho, há a necessidade de reciclagem, tendo em vista que normalmente estes profissionais não conseguem mais se manter nos postos de trabalho como ocorria com os indivíduos da geração “baby boomers” ou geração “X” que em uma única empresa desenvolviam toda sua carreira até a aposentadoria, estudos indicam que o período de atuação profissional ficou mais curto e volátil, de tal forma que a vida produtiva em média chegasse a ter de 3 a 4 carreira profissionais diferentes, com isso há a necessidade urgente de se reinventar para transitar por novas carreira, buscar novos conhecimento, uma das grandes dificuldades encontrada nesta transição é romper paradigmas que foram construídos solidamente durante a vida profissional, por mais antagônico que seja, desmontar o que levou-se tanto tempo para construir, mas eu diria que não é destruir, mas sim reconstruir em novas bases, como se faz com um jogo de blocos, onde se constrói novos projetos a partir dos mesmos blocos, sendo eles o conhecimento e a experiência adquirida, o que dá mais versatilidade e valores para nova edificação.
Fonte: Statista; OCDE; Censo 2022; previva